
O dia está deserto, completamente vazio, observo pessoas vagando nas ruas, ouvindo ruídos de vários transportes e percebendo tempos modernos agindo rapidamente.
Eu sou um morcego, gosto de estar no meu quarto apagando as luzes e ficar no meio da escuridão. Na escuridão, enxergo o escuro, sinto meus pensamentos fluindo, imaginações crescendo e se proliferando ao espaço inteiro. Acordo para o dia, vejo preto e branco. O mundo sem cores. Lindos jardins com flores coloridas e cheias de vivacidade as vejo como mortas, pessoas passando por mim como zumbis me dá impressão que estou no purgatório tomando a taça do sofrimento até cumprir a pena da punição.
Lágrimas de sangue saindo nos olhos de minha alma, sentimentos amargos sufocando o âmago do meu ser a ponto de cair no buraco negro e nunca mais voltar. Queria obter a crueldade da indiferença para não cair nas armadilhas do pathos. Possuir imensa frialdade da racionalidade para lidar circunstâncias inconvenientes e controlar meus desejos insanos que me levariam à ultrapassar os limites além da liberdade.
Desejaria, pelo menos um dia, libertar a fera no meu interior. O bicho que me atormenta, o meu "eu" obscuro no qual ninguém teve a ousadia de tirá-lo atrás do xadrez pois quem tem as chaves para abrir as portas para ele sou eu. Assusto com o meu outro lado, consigo controlá-lo com muita eficiencia, porém se for libertada o mundo jamais esquecerá da fera...